Cuidados com Medicamentos de Idosos

Cuidados com Medicamentos de Idosos

 

Idosos frequentemente fazem uso de cinco ou mais medicamentos durante o dia. Seja para controle da pressão arterial, tratamento de aids, do câncer, controle de artrite e artrose, ou doenças degenerativas. A dificuldade para idoso que mora sozinho é maior pela presença de catarata, dificuldade de locomoção e ainda pela diminuição da memória recente, o que resulta em problemas leves ou graves.

Diante disso, familiares e cuidadores devem se adaptar e aprender a lidar melhor com os idosos, inclusive na área farmacêutica. Nem todas as alterações fisiológicas ou doenças necessitam de medicamentos, alguns problemas são de permanência limitada. Existem ainda distúrbios e doenças que podem ser controlados com outras terapias, tais como dietas peculiares, descanso, massagens, exercícios específicos.

Os medicamentos tomam um papel fundamental na prevenção e cura das doenças, mas seu  uso impróprio é motivo de inalterável preocupação, pela enorme ocorrência de efeitos colaterais, especialmente entre idosos.  Devem ser utilizados mediante consulta médica e prescrição. É de fundamental importância que os benefícios esperados com o uso devem ser maiores do que os riscos decorrentes do seu emprego.

Neste texto falaremos sobre o que são e qual a importância das tarjas nos medicamentos, sobre interação entre medicamentos, superdosagens e efeitos colaterais, além de como organizar os medicamentos para idosos com dificuldades em tomá-los de modo correto.

Tarjas

A indústria farmacêutica apresenta medicamentos com tarjas que tem um sentido de ser e elas estão relacionadas ao que os provocam no organismo alguma alteração indesejada, desde os resultados mais simples até os mais complexos, isto é, são classificados conforme o grau de risco que o seu uso pode oferecer à saúde do paciente. Para essa classificação, foi adotado o critério de tarjas ou faixas dos medicamentos, que são facilmente identificadas nas embalagens.

Tarja vermelha sem retenção da receita

Os medicamentos são vendidos mediante a apresentação da receita, branca, apenas uma via, que não fica retida na farmácia. Esses medicamentos têm contraindicações e podem provocar efeitos colaterais graves. Nesse sentido, na tarja vermelha está impressa a mensagem “venda sob prescrição médica”.

Tarja vermelha com retenção da receita

Representa os medicamentos que necessitam de retenção da receita, conhecidos como medicamentos psicotrópicos, ou seja, para uso em pacientes com doenças mentais graves como esquizofrenias. Por isso, na tarja vermelha está impresso “venda sob prescrição médica – só pode ser vendido com retenção de receita”. Assim, só podem ser vendidos com receituário especial de cor branca, especial, em duas vias.

Tarja preta

Representa os medicamentos que possuem ação sedativa ou que ativam o sistema nervoso central, cérebro (benzodiazepinicos) e que, portanto, também fazem parte dos chamados psicotrópicos. Por isso, a tarja preta vem com a inscrição “venda sob prescrição médica – o abuso deste medicamento pode causar dependência”. Tais medicamentos apenas podem ser vendidos com receituário especial de cor azul.

Tarja amarela

Representa os medicamentos genéricos e deve conter a inscrição “Medicamento Genérico”, na cor azul.

Outros

Medicamentos isentos de prescrição médica não exigem tarjas nos medicamentos.

Os não tarjados ou Medicamentos Isentos de Prescrição apresentam poucos efeitos colaterais ou contraindicações, desde que usados corretamente e sem abusos, por isso podem ser dispensados sem a prescrição médica. São utilizados para o tratamento de sintomas como resfriados, azia, má digestão, dor de dente, entre outros.

É importante ressaltar que esses produtos estão isentos de prescrição médica, porque a instância sanitária reguladora federal considerou que suas características de toxicidade apontam para inocuidade ou são significativamente pequenas. Porém, a utilização deve ser feita dentro de um conceito que seja prescrito pelo médico.

Interações entre Medicamentos

Devido à grande prevalência de doenças crônico-degenerativas entre os idosos, o consumo de medicamentos por esse grupo etário é alto. São remédios para a pressão alta, para o diabetes, para a gota, para a dor lombar, para a insuficiência cardíaca, para depressão, para baixar o colesterol. É importante, então, manter o médico avisado de todos os medicamentos em uso pelo paciente, mesmo aqueles de pouco uso, para evitar interação medicamentosa.

Superdosagens

À medida que envelhecemos, nosso fígado reduz o processo de destruição de várias substâncias ou ainda surge a dificuldade de eliminação pelos rins, entre elas os medicamentos.

Mesmo nas doses habituais prescritas os benzodiazepínicos, diazepan, lexotan, dormonid, provocam uma sedação maior durante o dia em idosos e se associam a um número maior de quedas e fraturas ósseas.

Queda brusca da pressão arterial com perda da consciência, depressão respiratória ou parada cardíaca são as temíveis complicações de superdosagens. O mais triste é saber que idosos apresentam grau importante de depressão e risco de suicídio. Para evitar esse risco os médicos devem iniciar com doses mais baixas e ir pouco a pouco aumentando a dose até que se atinja o objetivo terapêutico.

Efeitos Colaterais 0,01, 0,1, 1%

Seja pelo grande uso de medicamentos ou pela maior sensibilidade às doses, os idosos são mais susceptíveis a desenvolverem efeitos colaterais de medicamentos. Os sintomas mais frequentes são boca seca, queda da pressão arterial, tonturas, retenção urinária, confusões mentais e alterações no caminhar.

Todos os medicamentos podem produzir efeitos colaterais em menor ou maior frequência.

A grande maioria dos medicamentos utilizados hoje para as doenças crônicas nas doses prescritas não produzem grandes efeitos colaterais, como:

Anti-hipertensivos, medicamentos para diminuição a pressão arterial; os antipsicóticos, utilizados em doentes mentais ou idosos com grau de depressão; os sedativos, para diminuir a ansiedade e propiciar o sono; e os antiparkinsonianos, para diminuir a rigidez da doença.

Já os anti-inflamatórios em uso crônico podem produzir gastrites, úlceras e não invariavelmente perfurações do estômago com quadro de abdomê agudo, necessitando urgentemente de cirurgia.

É importante explicar para o paciente, para os familiares e para o cuidador o quanto é importante ele se manter atento para as mudanças que ocorrem em seu organismo após o início do uso do remédio.

Alergia

Lembrar que todo medicamento pode ocasionar alergias mesmo os mais comuns que se compra com receita médica.

Diferenciação clínica

Os idosos frequentemente apresentam sintomas sistêmicos de doenças localizadas. Uma infecção do trato urinário pode provocar confusão mental, alteração de comportamento, agitação ou sedação e ainda não ter dor ao urinar. Assim, qualquer prescrição ou recomendação de medicamento deve ser feita com muita cautela.

Organização no uso dos medicamentos

Orientações básicas

Deve-se ter cuidado para evitar alguns tipos de problemas no uso de medicamentos, pois nem sempre é possível conseguir informações dos médicos, exceto alguns que disponibilizam o número do telefone celular ou por meio de mensagens. Assim:

1- Faça sempre uma lista de todos os remédios que utiliza, mesmo dos que não têm prescrição, e pendure na parede.

2- Anote o nome do remédio, quem receitou, as quantidades, os horários e até mesmo a cor e a forma de apresentação.

3- Leia e guarde sempre as bulas e cupom fiscal, para caso haja necessidade de trocar.

4- Atente-se ao prazo de validade e jogue fora os remédios com validade vencida.

5- Siga os horários e quantidades de acordo com o indicado pelo médico.
6- Não interrompa o tratamento sem informar ao médico.

7- Não tome doses diferentes das prescritas.
8- Evite misturar remédios com bebidas que possuam álcool.

Orientações intermediárias

Inúmeras técnicas facilitadoras foram criadas para auxiliar que os idosos e cuidadores não esqueçam de tomar os medicamentos, bem como evitar as superdosagens.

– Numa prateleira alta e visível, mas que idoso possa alcançar, existem maneiras práticas para tomada dos medicamentos pela manhã, tarde e noite, de modo visual, junto aos remédios.

Manhã- pode-se colocar um desenho do sol ou um bule de café.

Meio-dia- pode-se colocar um prato de comida ou talheres.

Tarde- pode-se colocar desenho de lanche.

Noite- pode-se colocar desenho da lua.

Outra opção seria para o idoso que mora sozinho colocar numa mesa sem uso os remédios, distribuídos por períodos, escrevendo manhã, tarde e noite

Orientações avançadas

Deixar a quantidade de medicamentos exata para uma semana e observar se o idoso está fazendo uso adequado. Não sobra e nem acaba antes.

Outras orientações

– Muita atenção quando for comprar o remédio receitado pelo médico. É preciso conferir se o medicamento prescrito confere com a embalagem para ter certeza de que é realmente aquele que foi indicado e a data de validade.

– Cuidado com vendedores que querem trocar seu remédio, tenha sempre a receita em mãos.

– Não compre remédios vencidos ou muito próximos do vencimento.

 


Como o uso de remédios é grande, a chance de o idoso se enganar e tomar algum medicamento duas vezes ou esquecer de tomá-lo é recorrente, ainda mais caso o idoso tenha algum comprometimento cognitivo, visual ou motor. Como a adesão ao tratamento é essencial para se atingir os resultados esperados e as superdosagens podem ter repercussões graves, erros bobos assim devem ser evitados ao máximo. Mantenha a prescrição sempre organizada para não haver dúvida de qual e quantos comprimidos devem ser tomados em cada horário.

 

Saúde

Dr. Sergio Munhoz

 

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